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domingo, 2 de julho de 2017

Travessia Morro do Saco

Quando não é o dia...

Apesar de haver previsão de chuvas intensas, que erroneamente calculadas foram, o dia nasceu agradável e os ventos sopravam somente brisas. Ligeiramente nublado estava o céu e a temperatura amena fez-se presente. Um dia perfeito para pedalar, ou ao menos assim nós esperávamos.
A partida foi dada por volta de 8 horas da matina e nosso ponto de encontro foi os portões da empresa Malwee.
Rumamos pela Serrinha do Rio Cerro com seguimento em destino ao divisor de municípios, um marco entre Jaraguá e Pomerode, porém não descemos para o bairro Testo Alto como habitual; subimos mais um pouco pela Estrada Carolina.
O meu parceiro de time, infelizmente, apresentou pequenos enjoos e, por alguns instantes, me passou pela cabeça em desistir desse treino. O Morro Schmidt poderia esperar por momentos oportunos, mas com afirmativa de melhora do José, também um pouco de teimosia, decidimos dar continuidade ao destino almejado.
Na Estrada Carolina, entre alguns sobes e desces nas ruas de terra, não apresentou grande dificuldade para desenvolver alguns quilômetros a mais.
Ambos não sabíamos o caminho e nem se quer havíamos passado por tais vias em situações anteriores. Foi um tiro no escuro no desejo de acertar o alvo.
Sem que esperávamos uma descida extensa surgiu por baixo das nossas rodas e mesmo sem pensar muito disparamos naquela queda cortando o vento gelado. Na primeira, e única, bifurcação que surgiu José me questionou "Será que não é aqui a subida? A estrada está ruim, mas tem fios de energia elétrica. Deve dar em algum lugar..." , e eu respondi "Não. Não faz sentido. Ainda falta alguns km." a minha teimosia, que não é pouca, gritou mais alto mesmo sem ter noção alguma da veracidade na escolha.
Alguns minutos passaram e as dúvidas começaram a martelar os pensamentos. Resolvemos pedir informações a alguns moradores locais que conversavam em frente ao quintal.
Eu estava errado! A subida era aquela mesmo, mas por sorte, se caso houve alguma nesse dia, não estávamos tão distantes da viela de pedras - como nomeei - a estradinha procurada.
Meu amigo estava exausto. É certo que, por causa do trabalho e faculdade, não estava com tanto preparo físico como antes, mas mesmo assim não justificava a situação na qual estava.
O desgaste foi visível na face e pernas. O garoto teve um dia de muito azar quando resolveu vir treinar comigo.
As opções que tínhamos em mãos eram seguir em frente e tentar achar esse tal de Morro Schmidt ou voltar pelo mesmo caminho tendo de enfrentar a enorme diferença altimétrica antes vivenciada. Sinuca de bico!


Aí você deve estar se perguntando o que têm a haver o Morro do Saco mencionado no título? Acredito que é óbvio... Seguimos na tentativa de encarar mais um caminhos desconhecido com subidas que a cada curva que surgia mais uma parede de pedras empilhadas. Aquilo parecia não ter cume e muito menos fim e mesmo assim, bem devagar e às vezes empurrando, fomos alimentando a esperança que em algum momento toda aquela tortura iria acabar. Digo tortura por causa do José; em particular adoro caminhos assim, mas a saúde dele não conseguia acompanhar essa vontade de explorar.
Durante mais de hora ficamos na tentativa maçante de pedalar, até que, ao cruzar com quatro ciclistas no sentido opositor, as subidas acabaram. Não havia cume. Não havia nada. Restou uma descida por paisagens belíssimas, daquelas de tirar o fôlego, mas estávamos no morro errado.
Saímos de Rio dos Cedros e paramos em Pomerode, claro, fazendo a travessia do Morro do Saco sem ter noção alguma do que ocorria. Ainda, através de pesquisa que fiz na internet antes de escrever essa matéria, li alguns relatos de aventureiros da região que afirmavam ser o sentido mais difícil aquele que "escolhemos". Executamos a pedalada pelo lado sul, aparentemente, o pior.
 No centro de Pomerode foi obrigatório uma parada para comer algo. Nossa expectativa de tempo para treino já havia extrapolado e meu amigo precisava tentar repor um pouco de todo o esforço que o corpo consumiu.
Pra voltar, não poderíamos ficar sem, precisamos subir a serra pelo bairro Testo Alto e essa judiou bastante...
Bom, mas façamos uma análise do ocorrido:
Meu amigo passou muito mal e comprometeu nosso rendimento. E daí?
Eu mesmo já precisei abandonar desafios e abortar pedaladas pelo mesmo motivo, por isso, nessa e em qualquer outra pedala, fica evidente que aquilo que possui valor não é o KOM conquistado, a melhor velocidade atingida e a quantidade de altimetria alcançada; o que há valor é a amizade!
Levamos muitas horas mais do que desejamos e eu estava com ótima disposição para rumar, mas do que me valeria esse pedal se, para obter bom desempenho no dia, seria necessário abandonar o José pelo caminho? Isso é, no mínimo, falta de companheirismo, para não escrever algo pior.
Um dia é você que pode ficar pra trás...
Não foi meu melhor pedal, porém um dos que mais me ensinou, portanto valeu a pena!
Sei lá... Pense você... Mas não devo estar tão errado.
Agradeço sua leitura e peço que deixe um comentário contando como foi o "perrengue" que passou; divida conosco aquele dia horrível que tropeçou nos seus pedais e o que fez para torna-lo inesquecível.

Forte abraço e boas pedaladas!



DADOS DO PEDAL

Distância: 77,8 m
Tempo de movimentação: 05:49:10
Elevação acumulada: 1601m
Velocidade média: 13,4 km/h
Velocidade máxima:49,3 km/h
Tempo decorrido: 07:04:20




Só pra constatar, ainda conquistamos a Competição de Ciclismo Ciência no Esporte. Desafio promovido pelo app Strava em qual fez a proposta para todos esportistas cumprirem 4 horas em cima do selim. Nosso tempo excedeu 5 horas e 49 minutos. O desafio foi encerrado no dia 02/07/2017.

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