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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Bikes vs Carros

Diálogos Urgentes: Sessão e debate do filme "Bike vs Cars"



No Sesc de Jaraguá do Sul periodicamente ocorre, na última quarta-feira de cada mês, uma apresentação de algum documentário que tenha interesse direto da sociedade e posteriormente tal tema escolhido é debatido com representantes convidados ligados diretamente a área desejada; dessa vez, dia 28/06, a escolha foi o vídeo de origem sueca, dirigida por Fredrik Gertten, que discute o assunto que mais nos interessa: segurança na prática de ciclismo.
O documentário é iniciado mostrando a realidade de amantes de ciclismo em diversas cidades no mundo. Há comparações entre São Paulo e Copenhague, Toronto e Amsterdã, entre outros grandes centros urbanos, demonstrando a dificuldade cultivada na utilização de ambos meios de transporte e em que ponto ambos se conflitam.
O filme apresenta uma série, de grande valia, de estatísticas sobre acidentes causados nas rodovias, a porcentagem de usuários de cada meio e o quão afeta o meio ambiente a escolha feita.
O debate com Ronaldo de Lima (Arquiteto e Urbanista, Titular do Escritório Lima & Lima Arquitetos Associados SC LTDA, Ex-Presidente CAU/SC, Ex-Presidente Inst. Jourdan), Juliano Camacho (Fundador do Bike Anjo Jaraguá) e Junior Zapelini (Presidente Bike Anjo Jaraguá) esclareceu a importância da conscientização do cidadão no completo, independentemente de qual meio de locomoção é utilizado.
Na plateia, que pude notar, havia ciclistas praticantes como esporte e lazer, porém foi discutido e muito bem lembrado de sua significância, o uso de bicicletas como transporte ao local de trabalho.
Os maiores afetados por acidentes causados entre carros e bicicletas é o usuário não habituado como prática competitiva. Quem sofre com a falta de ciclovias e desrespeito com o próximo dificilmente é o atleta, embora eventualmente ocorra, mas sim o simples trabalhador que se locomove todos os dias por entre as vias mais urbanizadas e em horários de grande fluxo.
Outro porém que chamou minha atenção foi a reafirmação que essa convivência pacífica só é possível através de maneira mútua. Nós, ciclistas, nem sempre temos razão como gostamos de acreditar. De nada adianta cobrar melhor conduta dos motoristas dos carros se nem sempre respeitamos as leis de trânsito...
Ter a oportunidade de estar presente nesse evento me foi de grande acréscimo; por isso, independente de qual seja a abordagem nas próximas apresentações, acredito que a oportunidade não deve ser desperdiçada. A entrada é gratuita e o conhecimento não tem preço.
Deixo aqui o agradecimento e também um convite: conheçam o projeto Bike Anjo!
Eles não promovem somente o incentivo a prática do nosso esporte, mas também ensinam a importância de uma vida!
Espero que um dia todos sejamos Anjos...
Abraços 


Local: Teatro Sesc em Jaraguá do Sul - Rua Jorge Czerniewicz, 633

Sinopse: Em tempos de uma crise generalizada, é necessário relacionar algumas discussões no que tange ao clima, recursos naturais e cidades. A indústria automobilística cresce desenfreadamente. Ciclistas militantes buscam mudanças radicais na mobilidade das grandes cidades. As diferenças no uso de bicicletas e de carros são gritantes em comparação entre algumas cidades, como São Paulo e Copenhague.

Direção: Fredrik Gertten
Gênero: Documentário
Nacionalidade: Suécia.
Classificação: 10 anos



terça-feira, 27 de junho de 2017

Tio Robinson, de Júlio Verne

Leitura na Trilha #001


Impossível falar de literatura de aventuras sem lembrar, mesmo que remotamente, Júlio Verne. O "pai" da ficção científica teve um pouco mais de 100 livros publicados entre eles as grandes obras atemporais A Volta ao Mundo em 80 Dias, 20.000 léguas submarinas, A Ilha Misteriosa e Viagem à Lua.
Uma das grandes influências do autor foi a obra Robinson Suiço, de J. D. Wyss, lançado em 1813, que o título desse livro que vos apresento não tem como negar a direta citação.
Tio Robinson é um dos meus grandes achados em alfarrabista, local em qual marco presença corriqueira, escondido por entre mais um punhado de papéis avelhantados.
Essa leitura leve e descontraída trata de uma família americana, o Sr. e a Srª. Clifton e os quatro filhos, que na tentativa de regresso aos Estados Unidos a bordo do Vankouver, sofrem amotinação e a esposa com as crianças são abandonados no Oceano Pacífico em uma pequena embarcação com a companhia do fiel marinheiro Flip. O Sr. Clifton e o cão da família, Fido, ficam prisioneiros na embarcação. Uma curiosidade, sendo que essa obra do Verne não foi revisada nem mesmo concluída pelo autor, ora o cachorro é descrito como cocker spaniel, ora como terra nova, uma raça de cachorro de porte muito avantajado.
A história segue com o encontro de terra seca pela parcial família e o marinheiro. A falta de recursos, acomodações e orientações iniciam a cruzada desses não-voluntários aventureiros. Com a necessidade de sobrevivência o abatimento de animais durante o avanço dos dias é algo frequente, compreensível por causa, mas me incomodavam um pouco conforme avançava a leitura; até que Júlio Verne, parecendo perceber meu descontentamento, escreveu para consolar:

" - Vamos deixar que vivam aqui - explicou aos dois jovens. - Esses animais podem distrair nossa solidão e alegrar o olhar. Lembre-se, Seu Robert, que nunca se derrama inutilmente o sangue de um animal. Quem faz isso não é bom caçador." (p.73)
 
Acredito que não exista exemplares a venda, exceto em sebo, dessa obra nas livrarias. Estou recomendando a leitura porque em pouco tempo consegui me distrair profundamente nas linhas da pequena novela de maneira que não fazia há anos. Sendo Tio Robinson o primeiro romance de Verne cujos protagonistas são crianças e adolescentes, o grande escritor consegue prender a atenção de maneira magistral, me fazendo contente em ler um livro que nem se quer tem final...
Só me restou ficar aqui com os pensamentos, imaginando e criando, um desfecho memorável para esses náufragos-guerreiros, que em todas as adversidades da situação, conseguiram manter o bom humor e um propósito para seguir em frente.

Boas leituras...


Obra: Tio Robinson
Autor: Júlio Verne
Editora: Scipione
Ano: 1870-1871
Edição: 2ª edição, 1996
Tradução: Estela dos Santos Abreu
Ilustração: Cecília Iwashita
ISBN: 85-262-2235-X


domingo, 25 de junho de 2017

SC10K Jaraguá do Sul

Quando a família e amigos fazem a diferença...

Na manhã desse domingo Jaraguá do Sul sediou uma das etapas, patrocinada pela Caixa Econômica Federal, do SC10K. Competição que ocorre regularmente de maneira anual em diversas cidades no estado de Santa Catarina.
As distâncias oferecidas foram 10K, 5K e Kids, com mais de 400 participantes em diversas categorias; e minha escolha foi 10 quilômetros na modalidade Masculino 30-34.
A largada foi iniciada às 8 horas pontualmente, com organização impecável digamos de passagem, e uma sensação contagiante. Os amadores, como eu, esbanjavam entusiasmo por poder estar ali buscando o seu próprio melhor e os competidores mais qualificados permaneciam em plena concentração, parecendo ter conversas com seus longínquos pensamentos, para que ocorresse a transformação de todo preparo e dedicação em troféu ao cruzar a linha.
Meus primeiros passos, como sempre, foram acelerados e mesmo sabendo que em um futuro breve a cobrança é devida não consigo fazer diferente. Quando termina aquela contagem regressiva, mesmo sabendo que meu preparo não chega nem perto de outros amigos, arrisco partir bem rápido e me manter no primeiro pelotão; sempre dá errado, mas continuo dando "murros na ponta da faca".
Para aqueles que arriscaram encarar 10 quilômetros o percurso foi composto por duas voltas em uma rota desenhada para os 5K bem no centro da cidade. As ruas Av. Getúlio Vargas, Olavo Marquardt, Max Wilhelm, Adélia Fischer e Procópio Gomes serviram de pista para que o espetáculo pudesse ocorrer.
Em cada esquina, cruzamento ou passarela havia staffs e policiais cuidando da passagem do trânsito, que em grande parte estava obstruído, trazendo total tranquilidade para os competidores.
Eu, como nativo dessa terra, achei incrível poder correr sem preocupações pelos caminhos nos quais diariamente vivem abarrotados de veículos em um frenesi constante. A sensação de liberdade foi sentida a cada metro conquistado.
Quando a primeira volta concluí um dos meus velhos temores me lembrou de sua presença. Meu joelho, novamente, gritava para parar, mas nunca desisti de uma prova e não seria no asfalto de "casa" que deixaria isso ocorrer.
Reduzi o ritmo, encurtei as passadas e segui em frente. Já havia tempos que não avistava um rosto conhecido, pois meus conhecidos são muito bem treinados, e mesmo assim contemplei expressões com mistura de exaustão e dedicação me passarem com o intuito de conquistar seus recordes pessoais. Aplausos aos guerreiros!
Depois de muito cansaço, e leve dor incomoda, tive uma surpresa louvável. Faltando somente 1 quilômetro para a conclusão da prova apareceu no caminho Alex Caldas, amigo de longas datas e atleta fantástico, que em dias atuais é referência na região, investiu passos ao meu lado. Ele disse "Já conclui minha prova. Vim te puxar. Vamos, vou contigo!" e a partir dali cada passada foi ministrada através de suas instruções. Uma das palavras que jamais esquecerei foram "Esquece a dor em uma prova. Vamos até o final! Vai, Vai, passa aquele ali!" . E ele me arrastou até a linha de chegada...
Obrigado, meu amigo!
Ao receber a medalha de participação, muito bonita por sinal, a moça que fez a entrega era ainda mais bela. Tive a grande honra de ser presenteado pelas mãos da minha irmã mais velha e ter a captura das fotos através da perspectiva do nosso pai; meu parceiro incurável de provas.
O dia estava ganho. A prova foi ótima e meu tempo estava dentro do esperado. Me dei por satisfeito.
Conforme mencionei antes, Alex Caldas ficou em 3º lugar no geral nos 10K e outro amigo de tempos do colégio, Maicon Sheuer, conquistou o 2º lugar em nossa modalidade. Estou muito feliz por vocês e esse troféu que em mãos agora estão é somente um reflexo da grande habilidade e determinação que possuem! Deixo a minha mais profunda admiração.
Para alguns, talvez, seja somente mais uma corrida feita, mas para o meu eu será um enorme marco nas aventuras que pratico.
Aos participantes deixo meu respeito e carinho, e quem sabe, um até logo...

Bora treinar...


Agradecimentos mais que especiais ao Andi e toda equipe do Estação Open Bar por acreditarem no meu trabalho, por todo apoio e patrocínio.







DADOS DA PROVA

Distância percorrida: 10km
Resultado pessoal: 45:24
Colocação: 55º geral, 8º cat. M 30-34
Ritmo médio: 4:32 min/km
Elevação acumulada: 197m

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Qual é a bike que me leva?


Recebi, através da recém criada página no Facebook, algumas perguntas sobre os mais variados temas, porém uma das quais perdurou foi sobre a bicicleta que venho usando. "Qual é a sua bike?", "Ela é aro 29?", "Serve pra cicloturismo?"...
Apesar de alguns meses atrás ter usado uma Scott Scale 70 completamente alterada de fábrica com os melhores componentes do mercado, uma Soul Roots 27,5 pesada com materiais intermediários, e rodado poucos quilômetros com uma speed Caloi 10 básica com quadro maior que devo usar, hoje, resgatando do esquecimento do quartinho da bagunça, uso uma Caloi Elite 2.4 ano 2010 MTB adquirida nova para meu filho que jamais foi praticante dos pedais.
Por questões de emergências financeiras precisei vender as outras, tidas como minhas, e fiquei somente com a Caloi guardada e empoeirada, e eu, que não consigo ficar sem tal brinquedo, fiz questão de não me "livrar" para manter meus passeios, mesmo sendo com a versão simplificada da anterior Scott.
Apesar da campanha mundial do ciclismo ser intensa em relação a utilização das rodas 29", confesso que ainda não experimentei, tenho uma 26", raios aço inoxidável e cubos Shimano com Quick Release. Foi fabricada em alumínio 6061 com suspensão RST Capa 76mm de curso. Os câmbios são Shimano Altus e cassete 7v. Apesar de possuir espera para freios a disco ela vem com V-Brake ferradura. O pedivela é 42x32x22 e quadro tamanho 18. Simples...
A Caloi Elite 2.4 foi uma excelente bicicleta de entrada, custo x benefício, na época, porém em dias atuais seus padrões foram bruscamente alterados, fazendo dela um modelo não comercializado e ultrapassado.
É uma bike velha? Sim, mas me leva para todos os lugares com a mesma velocidade e precisão de quase qualquer outra bicicleta nova. Com essa "peça de museu" conquistei o pódio na última competição na qual não avistei qualquer outro concorrente que possuísse alguma máquina com roda aro 26" ou 27,5".
Tenho ótimos projetos futuros para transformar em específica para cicloturismo, mas até lá vai continuar sendo minha bicicleta coringa.
Se você deixa de competir, de fazer uma rota ou passear com os amigos por não ter o material tal, a bike modelo tal ou o uniforme na cor tal... Me desculpe, você não é ciclista!
A questão de praticar ciclismo vai muito além do status de algum componente ou modelo; ser ciclista é sentir o vento batendo no rosto, é acordar nos finais de semana antes das 4 horas na madrugada e fazer um esforço gigantesco para chegar no meio do nada. Ser ciclista é ser maluco, mas maluco do bem. Aquele que faz amigos na estrada e cumprimenta o primeiro estranho que na rua avistar. E para isso não é preciso ter uma bicicleta que custe R$70.000,00; só necessita o querer.
Aqui deixo uma dica: pegue o que tem em casa, sendo da melhor qualidade ou não, mantenha revisada para não haver problemas mecânicos e vai ser feliz!
Seja como for, bons pedais, força nos treinos e forte abraço.



domingo, 18 de junho de 2017

Rota Enxaimel + Casa do Imigrante Carl Weege

"A cidade mais alemã do país", é sabido em nível nacional, faz parte do Circuito Vale Europeu de cicloturismo, o primeiro roteiro planejado especialmente para ser percorrido de bicicleta no Brasil, que abrange outras cidades, como citação, Timbó, Indaial, Rodeio, Doutor Pedrinho, Rio dos Cedros, Benedito Novo, Ascurra e Apiúna, totalizando em 300 km totais em sua realização. Porém, de não menor importância, existem pequenos roteiros dentro de Pomerode para serem desbravado pelos amantes das duas rodas sem que exija experiência ou mesmo grande condicionamento físico.
A Rota Enxaimel, com seus 16 km de extensão em grande parte em estradas de chão, possui um charme especial e o encantamento atemporal que nos faz reviver muitos séculos passados. As edificações que titulam o nome do percurso são heranças deixadas pelos colonizadores alemães aprimoradas por arquitetura puramente europeia. O maior acervo desse modelo de morada fora da Alemanha, é claro, é em Pomerode com 220 casas espalhadas pela cidade e 50 delas ficam nesse caminho. O Pórtico do Imigrante Wolfgang Weege, a Casa Comercial Weege, a Casa Siewert, a Trilha da Natureza, os Carros de Mola de Klaus Volkmann, a Pousada Casa Wachholz, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Testo Alto e o Cemitério dos Imigrantes são alguns dos atrativos dessa rota tão germânica. Caso não queria pedalar ainda há possiblidade de executar tal passeio com o pessoal do Pomerode Jeep Tour.
Quando resolvi seguir esse roteiro de mountain bike não imaginei que seria surpreendido com esplêndida beleza, tanto natural quanto artificial, sendo que em grande parte do trajeto é rodeado por pastos, mas também há áreas que preservam o bioma Mata Atlântica.
7 horas da manhã foi o horário da minha partida. O nevoeiro denso e molhado pairou sobre Jaraguá, mas esse é um dos indícios que, normalmente, o tempo deveria limpar. Após alguns poucos quilômetros rodados, logo ao pé da serra Rio da Luz Vitória o Sol deu ar de sua graça. Pensei "Legal, vou fugir desse clima molhado bem antes do que imaginado", porém, após atingir o cume da subida que é identificada com a placa de divisor de municípios e começar a descer em direção ao bairro Testo Alto, a neblina retornou. A cada metro descido maior era a densidade da água no ar, mas tudo bem. Nada me faria voltar.
Quando explorei a Rota do Enxaimel vagarosamente, prestando atenção em cada atração ali cravada, o céu foi limpando e decidi partir em direção de mais umas das obras emblemáticas da cidade.
A Casa do Imigrante Carl Weege, hoje museu local, é um patrimônio deixado pelo imigrante pomerano, um dos primeiros que arriscou partir para essas terras, localizada em Pomerode Fundos, que homenageia com seu nome em título. Na propriedade há uma roda d'água, um prédio atafona, um rancho com moenda de cana e exposição de móveis antigos; além da muito bem colorida e preservada praça Lauro Guenter.
Nessa estadia breve tive o prazer de conversar com um grupo de paulistas que estavam partindo em direção de Rio dos Cedros. Eles encaram o Vale Europeu com o pacote completo, somando 9 dias de aventura.
Aproveitei esse tempo, além de ficar jogando papo fora, para recompor minhas forças. Já fazia tempos em que eu não arriscava mais os pedais. Com tanta dedicação aos treinos para corridas de montanhas acabei relaxando bastante na prática do ciclismo, mas isso serviu de lição. Como não estava mais habituado com a movimentação das engrenagens e com as roupas específicas para prática do esporte acabei com uma leve dor no joelho esquerdo e algumas assaduras na virilha.
Não vou deixar que isso se repita! Preciso pedalar...
Voltando ao assunto; como já tivera atingido um pouco mais de 35km de movimento a fadiga me disse que era hora de partir e eu compreendi de imediato, mas antes não poderia deixar essa cidade tão acolhedora sem admirar (novamente) o Pórtico Wolfgang Weege. Uma belíssima homenagem à um dos homens que mudou o destino de uma região em sua totalidade. Homem de visão, fundador da empresa Malwee e idealizador do parque ecológico próximo minha residência, em Jaraguá do Sul. O pórtico é uma réplica, em tamanho natural, do Portal de Stettin localizado na cidade que foi capital da Pomerânia entre 1720 e 1945. Após a 2ª Guerra Mundial Stettin foi integrada à Alemanha Oriental e em dias atuais faz parte da Polônia.
O Pórtico foi inaugurado em comemoração dos 41 anos de emancipação política de Pomerode e 25 da empresa Malhas Malwee, no ano 2000. Uma belíssima construção guardando a parte norte da cidade.
Não dado por satisfeito fui visitar a praça Hans Erns Schmidt. Era conhecida como 25 de julho em época que Pomerode era denominada Distrito do Rio Testo do Município de Blumenau, mas depois da mesma emancipação citada acima, foi titulada com nome tal em homenagem do precursor da indústria de porcelana na região. Fundador da famosa fábrica Porcelana Schmidt.
Exatamente nessa altura da jornada eu estava cansado e precisava retornar, mas antes respirei fundo para tomar coragem.
Eu sabia o que me aguardava!
Havia duas possibilidades de retorno. Voltava pelo mesmo caminho percorrido anteriormente mesmo ciente da longa e inclinada subida ao fim do bairro Testo Alto ou me arriscava pela SC-416 na qual a subida é bem mais curta, porém mais movimentada. Por conhecer de longas datas a SC e saber que não há acostamento (quem dirá ciclovia) durante toda sua extensão a decisão sábia era forçar um pouco os músculos e partir com segurança. E assim foi feito!
Cruzei a serra com lentidão admirável e desci, com intuito de descanso, quase tão devagar quanto. Segui, finalmente, pelos próximos 12km em asfalto e isso me fez bem. A trepidação das ruas de chão batido estavam aumentando minhas dores causadas pelas assaduras, porém uma estrada que permanecia em constância sem oscilações seria um elixir para qualquer um em tal circunstância.
Minutos, com aspecto de horas, me deixaram na porta de casa. Cansado, suado e exaurido; mas contente.
Contente por poder ter coragem para mais essa aventura porque quando o corpo não pode mais somente a força de vontade pode te fazer prosseguir.
E aí? Vai ficar parado esperando a vontade passar?




DADOS DA ATIVIDADE:

Distância percorrida: 74,4 km
Velocidade média: 19,1 km/h
Tempo de movimentação: 3:54:08
Tempo decorrido: 4:34:02
Elevação: 1.086m
Bicicleta: Caloi Elite 2.4

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Trekking ao Pico Malwee

A palavra trekking é de origem sul-africana e tem o intuito de nomear o ato de seguir um trilho, um rumo programado com obstáculos naturais como rios, árvores caídas e/ou lama; uma típica trilha com objetivo anunciado, seguindo de exemplo, conquistar o cume de alguma montanha desejada. Geralmente o pernoite em barracas ocorre, são vários dias de execução do esporte e as distâncias são excessivas, porém não é obrigatório. Um trajeto, mesmo sendo relativamente curto, sem intuito de passar a noite fora, mas com a intensão de alcançar o desafio em tempo pré-estipulado, já é válido para você se tornar um praticante. O trekking, ou Enduro a pé, é uma modalidade competitiva com várias regras sobre utilização de materiais específicos e marcações regulamentadas, mas esse assunto é cabível aos atletas de elite que praticam tal exercício para fins profissionais que certamente não é o meu caso, então, retornamos à recreação...
O Pico Malwee é mais popular na região entre os praticantes de voo livre e alguns trilheiros, sendo que o local onde há maior frequência em Jaraguá do Sul é o Morro das Antenas por possuir maior elevação, ter uma rampa destinada para tal fim e o acesso menos privado. Para subir o Pico Malwee é necessário aviso e liberação prévio por ser uma propriedade particular, mas não há dificuldade em conseguir tal autorização.
Segui pela Rua Domingos Vieira por terra batida e cascalho até chegar na porteira da propriedade. É um caminho sem saída onde o final de seus seguimentos são os portões de madeira.
Os pastos encontrados por mais de 2 quilômetros nos próximos passos são de fácil caminhada, porém há necessidade de preparo físico e algum recipiente com água, por causa da elevação do terreno.
A parte mais divertida é quando chego em 380m de altimetria aproximados e encontro uma cerca se arame farpado dando por fim o pasto de cultivo e inicia uma trilha relativamente fechada. Existe rastro de passagem de veículos por tal caminho, porém a vegetação se alastrou tanto que facilmente pude notar que há tempos ninguém passou por lá.
A prova que o tempo tomou conta de alguns trechos é muito bem representada por duas casas encontradas na propriedade, pequenas e simpáticas, pintadas de amarelo. Os cupins tomaram conta das paredes e do chão e mais uma série de insetos fizeram de seus depósitos o lugar; além de marcas de depredação e pichação deixadas no casebre por aqueles que não sabem prestigiar um abrigo cedido com boa vontade para os visitantes aventureiros. E ainda alguns deles tem coragem de me chamar de "bicho-do-mato"; eu só posso agradecer tal elogio porque bicho não faz isso.
O cume foi atingido depois de uns 800 metros de trilha. Há uma torre de repetição de sinal, com duas câmeras de vigília, e uma área de grama plana com 60 m². Quando atingi esse lugar senti, além do vento gelado, uma sensação de paz e contentamento. Não tive vontade de comemorar, gritar ou pular, só quis respirar fundo e contemplar aquela vista da região sul do nosso município. Ali encontrei paz.
O trekking executado teve 3 horas no total com 14,1 km percorridos e 552 metros de elevação total. Tenho o costume de partir por esses caminhos sozinho com esperança de organizar os pensamentos quando não ouço barulhos urbanos, ou por egoísmo mesmo, mas nessa caminhada tive como companhia Ronald Campos, meu cunhado, que somou bastante nessa pequena cruzada vespertina. Desde já está convidado para compor um time de trilheiros para encarar muitas andanças por esse mundão afora que aguarda por ser explorado. Deixo como última palavra um simples obrigado.






domingo, 11 de junho de 2017

Ultra Trail Extreme Winter

25k de mil histórias e um só destino

O que incentiva o ser humano em enfrentar qualquer espécie de adversidade na competição de corrida nas trilhas vai além do cansativo desafio, é a mais pura busca por superação de limites próprios em circunstâncias que fogem de seu controle. Esse foi meu estímulo.
Passava alguns minutos de 04:30h na madrugada mais gélida do ano e eu saí da minha cidade em direção de Rio dos Cedros, um dos lugares mais belos e ricos em paisagens estonteantes da região norte de Santa Catarina. Os 80 quilômetros percorridos passaram rápido com a preocupação em estar indo ao local correto; meu pai e eu, que diversas vezes já estivemos nessa região, não tínhamos certeza do destino Paraiso das Ilhas, local de largada da prova, mas com antecedência de 45 minutos chegamos ao local.
Tive a oportunidade de assistir a largada dos ultramaratonistas que enfrentariam os 50k antes de fazer a vistoria dos equipamentos obrigatórios. Manta térmica, apito, reservatório d'água, luvas e bandanas foram solicitados pela organização, com intuito de orientar cada atleta que possuam o mínimo de itens para aguentar o frio rigoroso sem colocar em riscos suas próprias vidas. Correr nas trilhas nos exige que sejamos autossuficientes.
07:30 pontual foi iniciada a corrida dos 25k. Enquanto os competidores sorriam e conversavam entre si, eu só me concentrava porque o medo e o vento muito gelado me travaram. Quando ouvi a contagem regressiva dos dez segundos só pude respirar profundamente e iniciar os primeiros passos.
Com 500 metros de corrida já iniciamos uma subida extremamente íngreme por um pasto e logo caímos em um single track muito irregular com lama até os tornozelos. A corrida praticamente começou com meio quilo a mais em cada pé, mas seguimos. Até os 8km eu ainda acompanhava o primeiro pelotão por estradões de chão batido, subidas e descidas contínuas, e companhias incríveis que a partir dali comecei a descobrir.
Não vou citar nomes de atletas, alguns por não lembrar e outros por não pedir autorização prévia, mas garanto que por atitudes incríveis, esforços e dedicação, serão lembrados cada vez que eu colocar um pé na trilha ou participar de algum evento esportivo. Fui avisado que o espírito de corrida nas montanhas era diferente, que os competidores eram atenciosos e mais preocupados com o próximo, porém vivenciando isso tive a certeza que essa atmosfera vai muito além do que antes relatado.
Houve um caso em que corremos até uma cachoeira, por volta do quilômetro 16, e depois retornávamos mais um trajeto, até um posto de abastecimento. Ali avistei um corredor pegar um copo e não consumir no local, como é recomendado, e retomar o trajeto. Continuei seguindo-o e observando o que faria com o copo, se jogaria na mata como quase todos turistas fazem em passeios pela natureza, mas a conscientização acompanhava-o. Ele notou que eu observava-o e após amassar o copo plástico e guardar no bolso me disse "Não jogo no chão porque sou montanheiro e se você ficou olhando e preocupado, também é!". Aquilo mexeu comigo. Foi de um cuidado e sensibilidade enorme, mostrando toda a nossa pequenez perante ao mundo natural.
Quilômetro 20 houve travessia com canoa, na qual um bombeiro conduzia dois participantes por vez ao outro lado da margem. O cronômetro individual foi congelado e ocorreu uma pausa de 10 minutos monitorados para todos os participantes com intuito de recuperação, uma parada obrigatória e muito bem-vinda.
Após ficar tagarelando com alguns corredores nessa parada, companhias fantásticas, imaginei que nos próximos 5 quilômetros seriam relativamente fáceis, talvez o pior já havia passado, mas estava enganado novamente.
Mal retornara a trilha e um staff me indicou "É por ali" e o rio gelado olhou para meus pés. Vamos lá, ou melhor, fomos...
Metros e metros dentro d'água subindo contra a correnteza, depois escalada, com auxílio de cordas, para sair pela margem íngreme e lamacenta. Faltava pouco. Sobe e desce, desce e sobe, e alcancei o estradão novamente. Enquanto corria devagar, cansado e desolado, ouvi uma voz feminina vinda de trás "Canela seca... Ô queniano branquelo... Não finge que não está me ouvindo", olhei para dois indivíduos. Um homem e uma mulher. Ele de descendência oriental e ela com um sorriso largo. Começamos a conversa e foi algo que eu precisava tanto para distrair as dores nas pernas que gostaria de agradecer pessoalmente por mais uma vez. "Sim, meu primeiro 25k", "Que legal, vocês são do 50k", "Isso é loucura, mas acho que vou aceitar. No próximo corro os 50k com vocês", e uma das frases irreverentes daquela mulher tão simpática me diziam "Vai ter que ir, sim. Vou fazer um cartaz com #VêmJohnathan e se você não aparecer está lascado", naquela situação foram as palavras mais engraçadas que pude ouvir. Segui os últimos quilômetros gargalhando ao me despedir daqueles guerreiros que estavam somente na metade de suas jornadas.
Quando avistei a linha de chegada parecia uma miragem, mas o que mais me emocionou foi a imagem do meu pai, com a câmera fotográfica na mão, me esperando com um rosto que expressava orgulho. Ele sempre foi um homem incrível no qual durante toda minha vida me espelhei e poder deixa-lo contente com tão pouco não há preço que possa pagar. Foi um dia especial!
Quanto a organização da prova foi impecável. Cada metro foi bem pensado e sinalizado. Seus integrantes conseguiram contagiar qualquer pessoa demonstrando a verdadeira essência das corridas de montanha. Muito mais que uma competição, é uma experiência de humanidade.
Quando já estava me dando por satisfeito, dentro do carro a caminho de casa, passei pela barragem do Pinhal e vi algumas pessoas reunidas. Eram Jósa e a Bibi, youtubers de um canal fantástico, e equipe. Não resisti e gritei pela janela "Casal Endorfine-se!", eles acenaram e ofereceram cucas, um doce típico de nossa região. Parei o carro e disse que estava satisfeito e não queira comida, mas sim, uma foto com eles porque acompanho seus trabalhos a muito tempo e possuo uma admiração profunda. Fui prontamente atendido com uma simpatia enorme. Ganhei meu dia pela segunda vez!
Para aqueles que não conhecem esse canal, por favor, façam (Endorfine-se)... Corridas de montanha, mountain bike e mais uma infinidade de associados do mundo outdoor é apresentado com clareza e objetividade. São pessoas como nós, não atletas elite relatando treinos insanos, apresentando os caminhos do esporte de um jeito simples e real. Parabéns para eles, são inspiradores.
Por fim, não posso, não devo e nem quero esquecer de agradecer ao meu grande amigo Andi, proprietário do Estação Open Bar, em Jaraguá do Sul, porque somente através do investimento e credulidade dele eu pude me inscrever nessa prova. É obvio que faço propagando porque além de merecer, está me patrocinando, mas, de fato, é meu amigo. Quantos amigos assim você tem?
Para aquele que ama a natureza e gosta de desafios essa é a porta de entrada mais fantástica desse caminho. Ultra Trail Extreme Winter agora fará parte das minhas melhores recordações.



DADOS DA PROVA:

Distância percorrida: 27,1 km
Tempo decorrido: 03:10:49
Tempo de movimentação: 02:48:33
Tempo oficial: 02:51:56
Colocação: 24º geral, 10º cat. M 30-39
Ritmo: 7,02 min/km
Elevação acumulada: 947m
Registro no Strava: https://www.strava.com/activities/1029914589



sexta-feira, 9 de junho de 2017

Retirada do kit UTEW em Timbó

 

Rio dos Cedros será palco de uma incrível experiência gelada aos adeptos de trail running, amanhã, dia 10, por entre um cenário surreal com trilhas, cachoeiras e subidas alucinantes; e eu, por devaneio ou paixão, estarei na festa.
Essa Ultra Trail faz parte de um calendário composta por 4 competições, sendo essa a 2ª corrida. Antecedendo a seguinte data ocorreu Ultra Trail Rota das Águas em Gaspar, 25/03, em uma época em que nem pesava em correr mais do que 15k; e as duas próximas serão Ultra Trail Ribeirão das Pedras em Indaial, 19/08, e Ultra Trail Celebration em Blumenau, 18/11.
As modalidades oferecidas são 5k, 12k, 25k e 50k.
Você, que leu o comentário dos 15k acima, deve estar imaginando que vou me tornar um ultramaratonista amanhã, caso consiga completar o percurso, mas não. Não tive coragem e optei pelos 25k, considerando um ótimo desafio para alguém feito eu que mal saiu das "fraldas" nas corridas de montanha (e corridas no geral).
São 120 competidores nessa distância, 38 prontos para a ultra 50k, 132  desafiantes na 12k e 122 racionais nos 5k, totalizando em 412 humanos dispostos a congelar até os ossos, porque a previsão é zero grau, com intuito de quebrar seus tabus e limites.
A recepção na entrega do kit foi ímpar. Pessoal capacitado e atencioso, sanando as dúvidas de última hora e fazendo com que o atleta amador possa se sentir parte de um grupo.
Agora é hora de esquentar as canelas, porque hoje a temperatura caiu muito, e vou tentar lidar com o excesso de ansiedade que dá antes de uma prova tão estruturada como essa.
Me desejam sorte para retornar e ter condições de relatar a grande aventura!
Se tudo der certo... Até amanhã. (Risos)

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Hiking na Pedra Branca e novas amizades

Estamos acostumados a residir em áreas de urbanização extremas e quando surge a necessidade de se conectar com um pouco de "verde" somente as pinturas das paredes não são satisfatórias. Há atletas de trail run que precisam da estrada de terra batida, dos cascalhos e da lama para aprimorarem seus desempenhos esportivos; e também há os amadores e/ou simpatizantes da causa, feito eu, que estar em contato direto com a natureza nos basta para poder descarregar o desgaste dos dias exaustivos.
Por infeliz causa e reação estamos cada vez mais afastados demograficamente desses recantos esportivos, porém até mesmo nesse simples fato, tenho sorte.
Feito a grande maioria dos esportistas moro em bairro urbano, mas ao sair de casa e correr uns 300 metros para a rua lateral chego aos pés de uma das subidas bem conhecidas na região, perfeita para arriscar aquelas dorzinhas na panturrilha.
A estrada da Pedra Branca (nomeação informal por causa de um restaurante localizado no final do primeiro quilômetro) é um local buscado por poucos corredores da região, porém uma das amantes dos ciclistas de mountain bike. A extensão procurada é de 4,5km até um pesque-pague local, com uma inclinação de quase 100 metros de ascensão por quilômetro percorrido e estrada de terra por quase todo o percurso.
Como houveram dias que fiquei trancafiado por causa da chuva, sem praticar qualquer esporte (e não adianta falar esteira porque meu negócio é outdoor) não possuía desculpas para deixar de arriscar a caminhada até lá.
Os primeiros passos foram em um ritmo bom, quase acelerado, para quem ficou tanto tempo parado. As nuvens estavam carregadas, mas sabia que não iria chover, quem sabe até com bastante paciência talvez o Sol desse o ar da sua graça quando chegasse ao fim. Na prática do hiking o que mais me interessa é a paisagem e a calmaria que sempre capto em cada gota de suor. Sempre vale a pena!
Nessa caminhada que, por costume ou irresponsabilidade corporal, transformou-se em corrida de montanha não consegui dar um passo por vez no mesmo ritmo e quando percebi já estava correndo.
Ao chegar em uma espécie de portal, além dos raios solares aparecerem, do pesque-pague Zimermann tive a melhor surpresa dessa pequena jornada. As fotos contidas nesse relato explicam melhor a minha companhia do que qualquer palavra possa expressar. Vira-latas? Sem raça? Não me importa. São nas quatro patas desses bichanos que muitos encontramos o verdadeiro amor; não que eu sinta amor especificamente por esses cães, não se pode amar o que acaba de conhecer, mas tenho convicção que eles amam alguém e espero que esse sentimento seja recíproco, porque nós não merecemos tanto, mas os caninos sim! Foi só alegria.
A descida não pôde ser diferente das passadas anteriores e saí correndo. Não fiz pausas, não acelerei, não perdi o foco; somente segui trotando...
Após, quase, 9 km dessa brincadeira me dei conta que era isso que sempre quis: Não sair correndo feito um louco, mas em qualquer situação poder fazer amigos!





SEGUEM MAIS ALGUMAS FOTOS:


 
DADOS DA ATIVIDADE:

Distância percorrida: 8,9 km
Tempo de movimentação: 1:01:05
Ritmo: 6:50 min/km
Elevação acumulada: 442 m
Registro no Strava: https://www.strava.com/activities/1017969367