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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Pico Paraná, O Gigante do Sul - 3º Dia

Domingo, 12 de novembro - Hora de voltar


6 horas cravadas acordei sem despertador e sem combinar.
Por somente alguns minutos me inspirei em partir para o cume e assim que meu amigo acordou eu disse: "Bom dia, Bela Adormecida! Vamos subir?". Ele hesitou e eu também.
Recolhemos qualquer vestígio do pernoite com calma porque o frio ainda nos lembrava de sua presença. O calor do sol, agora em céu completamente limpo, demorou para nos agraciar e antes que esquentasse ninguém sairia dali.
Houve o instante de decidir, por volta das 8 horas da matina, se eram as estradas quem nos esperava ou os 1877 metros do PP...

Escolhemos voltar.
O cansaço não teve tempo para dissipar e o relógio, em relação ao calor, não nos presentou com tanto. O risco de encarar uma insolação era real.
Respiramos fundo, sem remorso pela escolha, sabendo que fizemos o mais correto e a sensação de "papel cumprido" nos acompanhou; partimos.
Não sei a altura real do A2, chuto por volta de 1600 m, mas fiquei satisfeito e vejo como mais um superação conquistada. Se pretendo voltar e, finalmente, chegar ao cume?
Claro! Claro! Mas nesse dia já foi suficiente.
Embora não pareça, a volta é mais rápida. Levamos 4 horas e meia aproximadas, contando com pausa para alimentação e alguns minutos próximos as fontes d'água para reidratar, dessa vez sem chuva.
Cruzamos o caminho de diversos aventureiros que com sorrisos amarelos e cansados rumavam ao lugar que antes deixamos. Desejamos sorte e, para alguns, mais algumas dicas de quem acabou de enfrentar um labirinto verde de raízes e rochas.
De volta à Fazenda, jamais imaginei que um gramado úmido pudesse ser tão aconchegante, nos atiramos no chão. Por 40 minutos, pés descalços e 2 pastéis, as forças retomaram parcialmente.
Hora de voltar para casa!

Como relatei anteriormente, fui o pior companheiro que alguém pudesse ter e mesmo assim fui presenteado com compreensão. Um amigo assim é para carregar consigo para o resto da vida!
Mas aquela sensação que me assombrou, sem causa aparente, talvez tenha sido desvendada...
Após chegar ao lar e ver que minha esposa e filhos estavam bem, mesmo assim, meu coração palpitou. Uma hora passada recebi a notícia que meu avô materno faleceu.
Não acredito em vidência, paranormalidade, anjos e espíritos; mas que foi bizarro, isso foi!
Uma coincidência e tanto.

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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Pico Paraná; O Gigante do Sul - 2º Dia

Sábado, 11 de novembro - Partida e acampamento



Após um beijo caloroso da esposa e enxugar algumas lágrimas da filha dizendo "pai, quero ir junto!" chegou às 2 horas da madrugada e a locomoção bateu na porta.
Meu amigo Jayder, que já enfrentava um pouco mais de 200 km's vindo de Florianópolis, me espantou quando saiu do carro. Esse cara não envelheceu um dia se quer desde que o tinha visto. Impressionante como uma amizade verdadeira pode passar tanto tempo sem ser abalada.
Com ânimos transbordando partimos ao destino tão desejado. As conversas, em grande parte sobre aventuras passadas, fizeram das 3 horas e meia somente um passeio no parque.
Com utilização do GPS não foi difícil encontrar a Fazenda Pico Paraná.
Após sermos recebidos e feito check-in por volta das 05:30 resolvemos aguardar os primeiros raios de Sol para enfrentar a trilha. Uma hora passada, os passos começaram.
As mochilas com 15 kg não pareceram problemas então o destino seria apenas uma consequência.
O clima havia prometido céu limpo intermitente, porém fomos enganados. Só havia chuva fina e gelada, fazendo das primeiras quatro horas de caminhada extremamente cansativas e pesadas.
Os caminhos são muito bem sinalizados e a trilha é aberta, acredito, em minha simples inexperiência, que não é possível alguém se perder por ali, mas por ser tão difícil acesso é necessário possuir algum aparato de comunicação com a base (celular, rádio).
Quando tanto tempo percorreu e não tínhamos noção de onde estávamos, porque nenhum de nós havia enfrentado o PP antes, resolvemos criar um abrigo provisório para nos proteger um pouco da chuva, tentar nos secar e beber um café quente para fortalecer os ânimos. 
Em meio tanta neblina e água vinda do céu, conversamos e concluímos que havia chego o momento da desistência... Continuar com tanto peso e tão molhados, sabe lá por quanto tempo, não parecia algo inteligente. 

Enquanto arrumamos as "tralhas" para voltar, um grupo, com cerca de 10 pessoas surgiram ao nosso encontro e nos forneceram as informações mais desejadas... Não faltava muito. Dava pra encarar!
No mesmo momento saímos do inferno e ascendemos aos céus. Esquecemos quaisquer dificuldades e rumamos de volta ao destino.
Passado mais uma hora, chegamos ao abrigo A1.
Se para todos nós já foi desgastante chegar até ali, fiquei imaginando as dificuldades que Rudolfo Stamm e Alfred Mysing enfrentaram, em 1941, em desbravar o caminho para o cume.
Saindo do A1 enfrentamos a crista, um dos locais mais belos nos quais coloquei meus pés, que consiste em andar entre dois desfiladeiros tendo como proteção somente alguns arbustos rígidos. Após o mergulho pelo corredor chegou o instante de subir novamente; era a vez de encarar os grampos até rumar para as últimas centenas de metros até chegar ao próximo abrigo. Confesso, foi mais fácil do que aparentava porque enquanto estamos embaixo dava medo.
Últimos esforços e chegamos ao A2, local escolhido para ancorar nossos pertences. 
O cansaço era evidente e resolvemos montar a barraca e repousar até mais tarde, quem sabe, atacar o cume antes que escurecesse. 
Com as roupas anteriormente molhadas esticadas por todo lado e com as barrigas bem cheias conforme merecido, comecei a me sentir mal...
Nada físico, pior, saudade!
Costumo passar os finais de semana longe de casa e nunca tive problemas com isso, mas especialmente nesse dia, senti muito falta da minha esposa e filhos. Havia sensação que algo estava errado e deveria estar do lado deles.
Resumindo, só ficava pensando e calculando como faria para voltar até a base antes que a noite tomasse conta de tudo, sem êxito, claro.
Estou convicto que fui a pior companhia em um trekking tão especial, enchendo a paciência de um grande amigo, só pensando ir embora; mas o Jayder aguentou firme (risos)!

O cume poderia esperar para o próximo dia. As pernas estavam doloridas demais e o vento começou a soprar forte demais. Ficamos horas observando a belíssima paisagem até a noite cair e o espetáculo do céu, no momento limpo, apresentou todas suas facetas.
Em cumes próximos lanternas brilhavam e, apesar do frio, brincamos emitindo sinais. Bons momentos de distrações.
Quando chegou a hora de dormir nem pensei... Desmaiei!
Simples assim.
Simples.
Assim.



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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Pico Paraná, O Gigante do Sul - 1º Dia

Sexta-feira, 10 de novembro - Preparativos


O convite surgiu quase feito susto na noite de quinta-feira através de um aplicativo de comunicação. Um querido amigo, no qual não conversava pessoalmente há mais ou menos 10 anos por causa dos caminhos que a vida toma, me intimou dizendo: "Estou indo para o PP no final de semana. Encara?".
Agradeci o convite, mas recusei de primeira. Não possuo equipamentos suficientes para acampar, pois costumo investir em aparatos de corrida de montanha, e o saldo bancário não estava ajudando em nada.



Depois de algumas "trocas de figurinhas" e alguns problemas resolvidos, aceitei e a ansiedade me invadiu! Feliz! Estava indo pro PP.
Uma das carências que mais me preocupavam eram como eu levaria o necessário para acampar na minha mochila de 35l, porém, um outro amigo, João, espontaneamente ofereceu emprestado sua cargueira de 70l novinha. Salvou minha aventura com um gesto tão generoso que nem sei como retribuir. Ainda precisei emprestar do cunhado o saco de dormir e o isolante térmico. Realmente, não tenho nada para camping.
Com grande parte dos empecilhos sanados só faltava a visita ao supermercado para comprar, tudo patrocinado pelo Estação Open Bar, alimentos para tal jornada.
Macarrão instantâneo, barrinhas de cereais, bananas, maças, bolachas, entre mais algumas besteirinhas, o reservatório estava completo.
Só bastava esperar, porque em poucas horas a aventura seria oficialmente iniciada.




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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Desafio Vale Europeu das Estações etapa Primavera + Expobike

Difícil falar desse evento sem atropelar uma série de informações; pois foram tantos atrativos que me policio ao relatar.
O Desafio do Vale Europeu, ocorrido no ano anterior, já nasceu imenso!
Não pude comparecer no sábado, dia 04, por diversas motivos, na Expobike para fazer a retirada o kit e acabei necessitando em concluir no domingo, uma hora pré-prova; imaginei que seria uma zorra por causa dos mais de 1.000 ciclistas inscritos, porém, não sei se foi sorte ou qualidade da organização, não houve filas e o processo foi bem rápido.

O kit em si veio bem "recheado", contendo camisa alusiva do evento, número do atleta, chip, squeeze, apito, talheres para acampamento, bolachas caseiras, gel, castanhas, amêndoas, damasco e até mesmo um par de meias para ciclismo. Para quem gosta dos kits bem generosos foi ao evento certo! Me surpreendeu.
Relatando por primeiro a prova: foi espetacular a organização e os atletas que participaram da minha categoria, amador, a mais curta e menos técnica, já demonstraram grande preparo físico desde a largada (que ocorreu pontualmente).
Sendo a competição com menor grau de dificuldade acreditei que seria relativamente fácil cumprir com o prometido, porém a surpresa foi muito bem vinda, demonstrando que o engano pode ser muito prazeroso. A corrida teve uma elevação considerável e alguns pontos de cautela aguçada, mas staffs estavam prontamente treinados assinalando os pontos críticos com bandeiras vermelhas; mesmo assim houveram alguns acidentes de pouca gravidade que pude ver os resultados após o término.

Se a categoria que escolhi, por causa de pouco treino para desafios maiores, já foi emocionante fiquei imaginando como seria a grande superação em encarar as categorias sport e pró...
Sinceros parabéns para todos atletas que encararam essa brincadeira!
Jamais querendo menosprezar qualquer categoria, mas uma das cenas mais emocionantes, obviamente, foi a chegada da categoria pró após 100km percorridos com 2.700m de altimetria acumulada.
O favoritismo do atleta Marcelo Peito de Aço foi consolidado aos 03:56:20 de prova, com mais de 13 minutos de vantagem para os demais competidores. Além de conquistar o lugar mais alto do pódio nessa etapa também levou o troféu de 2017 de todos os desafios do ano.
Na Expobike, além de ser muito bem atendido, pude "namorar" diversas bicicletas que tenho como sonho de consumo. Lojas como Bike Alla Carte, S.O.S Bikes e Bike Speck, trouxeram modelos, desde entrada até linha de alta performance, para apreciação do público.

Falando em bom atendimento não posso me esquecer da Isapa, do Desafio Agora, Marastoni Assessoria e Seledon Turismo e Treinamento; assim pude tirar todas as dúvidas sobre cicloturismo, competições e rotas com pessoas que realmente estão dispostas a dividir seus conhecimentos.
Para fechar o dia fiquei para assistir a apresentação dos Star Boys transbordando habilidades nas motocicletas.
Foi um evento para toda a família e a família Nexa Bikes tornou minha participação possível; desde transporte, inscrição e companhia. Sou muito grato ao Gilsério, José, João e seus entes que além de estarem presentes ainda nos aguardavam na torcida!
Se você está na dúvida se no próximo ano vai participar de alguma etapa desse desafio só posso dizer: - Vá! Vá em todas...!
Duvido que possa se arrepender...

Agora nos resta as próximas aventuras...
Bora treinar???
Abraço